quinta-feira, 9 de julho de 2015

Sou do guetto!


O telefone toca. Querem agendar um jantar/reunião de trabalho hoje. Perfeito, estou disponível. No fim do trabalho ainda consigo ir a casa tomar um banho e arranjar-me num instante para não me atrasar! 

Calma, não será assim tão simples porque sempre que tenho algo importante combinado há uma tradição enraizada - provocar algum tipo de acidente! Desta vez, porque sou uma rapariga tradicional, não só estive à altura do ritual como consegui todo um novo feito! 

Fui maquilhar-me e, qual malabarista qual quê, agitei o frasco da base. Este caiu, fez ricochete e espalhou vidrinhos por todo o lado! Habituada a este tipo de fenómenos já criei algum distanciamento do tipo "show must go on" pelo que continuei impávida e serena, "está tudo bem, já vou limpar, deixa-me só acabar de me arranjar"! Espalhei habilmente o pincel embebido no líquido que restou e eis que sinto um ligeiro ardor no pescoço. Que estranho.. Olho ao espelho e aí está - uma tattoo nova mesmo a tempo do jantar, em forma de corte a atravessar o meu pescoço. 

Um namorado também já vacinado para espisódios da Miss Desastre surgiu em meu auxílio e fez um curativo muito eficaz que estancou o sangue e me permitiu seguir em modo menos guetto! Obrigada J.!

Deixo-vos com um registo desse momento (já pós-curativo) e desejo-vos um bom dia, menos atribulado que a minha noite passada!


LMD



quarta-feira, 8 de julho de 2015

"He's just no that into you"

Este título é de uma comédia romântica de 2009 inspirada num best seller com o mesmo título que, por sua vez, se inspirou num diálogo da série "Sex and the City" e que em português se poderia traduzir para algo como "Ele não está assim tão interessado em ti".

Ok, é um filme de domingo à tarde sem grande profundidade e o sensacionalismo "hollywoodesco" do costume. No entanto, consigo utilizá-lo como ponto de partida para discutir o tema das relações, ou melhor ainda, dos desgostos amorosos. 

Ao longo dos 90minutos do filme, assistimos a episódios em que homens e mulheres se conhecem e se relacionam, os sentimentos que desenvolvem, as atitudes que têm dentro destas relações e as expectativas que criam em seu redor. 

Para começar, vemos por exemplo que quando se conhecem pela primeira vez e trocam números de telefone, há uma noção enraízada de que o homem não irá ligar imediatamente num jogo propositado de não revelar na totalidade o interesse despertado sob risco de se expôr em demasia e "assustar" a sua pretendida.

As personagens desempenhadas por actores como Scarlett Johansen, Jennifer Anniston e Ben Affleck, Bradly Cooper, entre outros, surgem em situações clássicas e ilustram a dificuldade em interpretar o comportamento humano. Vemos, por exemplo, uma mulher que vive com um namorado há anos que se recusa a casar com ela e as discussões sucessivas referentes a esse tema; um homem casado que se deixa entrar num enredo de sedução com uma colega, ainda que não o admita e tente acreditar que pode criar uma nova amizade ou ainda uma romântica incurável que encontra mil e uma desculpas para a ausência dos homens que se cruzam no caminho dela.

Todas estas pequenas histórias vão ilustrando a dificuldade das pessoas em serem sinceras quanto àquilo que sentem e aquilo que querem e também em  interpretarem correctamente os sinais que lhe são dados. Vemos que muitas vezes os sinais são claríssimos mas nós não os queremos ver nem os queremos aceitar. Nesses momentos, levamos a cabo uma ginástica mental sem fim para encontrarmos as desculpas mais reconfortantes, ainda que absolutamente disparatadas desde que sejam tudo menos "ele não está interessado". 

No início do filme surgem vários grupos de amigas com um ponto em comum: em todos os grupos há uma mulher triste porque não obteve uma chamada, uma atitude ou uma resposta que esperava. Vemos vários diálogos - ele não liga porque perdeu o número ou porque se sentiu intimidado. Somos demasiado boas, avassaladoras, somos emocionalmente superiores e isso assusta ou então, ele não está preparado para uma relação séria. Há um mundo de motivos mas NENHUM é falta de interesse. JAMAIS!

Qualidade cinematográfica à parte, recomendo este filme! É óptimo para reflectirmos sobre a forma como mentimos a nós próprios e sobre o porquê de o fazermos. Será medo de lidar com a rejeição? Dificuldade em seguir em frente? Seja como for, penso que é refrescante ouvir a "ugly truth" de que às vezes todos precisamos e fazermos o voto de tentarmos abraçar a honestidade e a aceitação (isto soou tão zen!).

Deixo-vos com uma frase do autor do livro que me parece muito útil relembrar em momentos menos racionais.


“Don’t be flattered that he misses you. He should miss you. You are deeply missable. However, he’s still the same person who just broke up with you. Remember, the only reason he can miss you is because he’s choosing, every day, not to be with you.” 
― Greg BehrendtHe's Just Not That Into You: The No-Excuses Truth to Understanding Guys


Uma boa semana!

LMD

segunda-feira, 6 de julho de 2015

"Crescer é ficar triste"

Ouvi esta frase há uns dias e ficou-me gravada na memória.

Tal como já referi, tenho 26 anos. Considero que tenho bastante maturidade, no entanto, parece-me que sou uma pessoa de sorte com uma vida cheia de motivos para me sentir grata, ainda que nunca tenha enfrentado momentos verdadeiramente difíceis que me tenham posto à prova. Tive uma família bem estruturada, unida, com uns pais excepcionais e uma irmã mais velha muito maternal que me conseguiram dar tudo aquilo que precisava! Tenho um bom grupo de amigos, uma vida social activa, tive relacionamentos felizes, sofri por amor e reencontrei-o novamente num processo natural mas sem dramas excessivos. Sempre fui saudável e sempre estive rodeada de pessoas saudáveis, com a excepção quase inevitável das patologias associadas à idade avançada à qual assistimos agora na minha avó materna. Segui os estudos numa área que me era apelativa,  pude ainda especializar-me e encontrei emprego relativamente rápido na área a que me propus.

Penso que este percurso foi conseguido à custa de uma aura de confiança que sempre me foi transmitido pelos meus pais. Lá em casa sempre me fizeram acreditar que eu era capaz de tudo e sempre me fizeram ver o Mundo com um enorme optimismo.

Neste sentido, fui crescendo com a noção enraizada de que todas as pessoas têm boas intenções. Até que cresci mais um pouco, e um ano depois de entrar no mercado de trabalho vi-me obrigada a reflectir sobre essa minha convicção. Pela primeira vez, conheci uma pessoa com intenções tão más, de um egoísmo, ambição desmedida e egocentrismo tal que não foi possível justificar a não ser com maus princípios. O nosso caminho cruzou-se e aí fiquei triste, senti que me tinham roubado a inocência que me acompanhava desde então, senti mesmo revolta. Lutei contra a maré, chorei e lutei mais um pouco. Encontrei do meu lado pessoas com os mesmos valores que os meus e juntos conseguimos que as boas intenções vencessem. Como consequência, no entanto, afastei-me de um projecto que me fazia feliz e que levou consigo muito boas memórias!

Actualmente, envolvida num novo projecto, concluo que as más intenções já não vão deixar de me visitar e que lidar com isso faz parte do crescimento. Não é uma ideia tão romântica como aquela que já tive, mas também não é uma ideia conformada! Crescer é ficar triste mas é também criar estratégias para ficar novamente feliz! Sem um problema não existem soluções e se nos mantivermos optimistas e íntegros, vamos sempre acabar por rodear-nos de pessoas com os mesmos valores e com "boas energias".

De minha parte, quero continuar a crescer sem medos das tristezas que me reservam!

LMD


domingo, 5 de julho de 2015

Granny Style

               Há um problema que preocupa a grande maioria das mulheres quando chegam a uma certa idade - o envelhecimento. Começamos a usar cremes anti-envelhecimento, começamos a preocupar-nos mais com o desporto, a alimentação, a pele, o cabelo e manter aquilo que nos faz parecer jovens. Estou com o problema oposto. Preciso desesperadamente de envelhecer! Alguém me pode ajudar? Calma, não quero ter rugas nem perdas de memória. Preciso, isso sim, de um aspecto mais velho já que aparentemente os meus cabelos brancos demasiado precoces não são suficientes. Preciso de uma imagem de experiência e confiança, para combater diálogos como estes:


Exemplo 1
Paciente - Que dentista tão novinha... veja lá se não me põe pior do que já estou.
EuSuspiro...

Exemplo 2
Paciente - Aquela menina é que me vai atender? É tão novinha...
Assistente - A Dra. X também era assim quando começou. Há sempre um início não é?

Exemplo 3
Paciente - Boa tarde menina... Doutora!
Eu - Boa tarde, como está?
Paciente - Estou bem menina... Doutora!

Exemplo 4 (para este já arranjei uma resposta ambígua que não me compromete)
Paciente - Ah é tão novinha! Que idade tem?
Eu - Ah eu estou muito bem conservada, olhe que já vou a caminho dos 30! 
Paciente - Ah realmente não parece nada!

            Com este último exemplo não estou a mentir, vou a caminho dos 30 desde que nasci! Induz em erro, sem que eu diga uma não-verdade! Se o problema se mantiver, assim que complete os 30 passo para "vou a caminho dos 40"!

             Bom, uma vez que uso uniforme e bata, não tenho grande margem de manobra com a indumentária. Assim sendo, medidas de envelhecimento que me parecem potencialmente eficazes
- começar a usar um par de brincos de pérolas, em vez das minhas argolas;
- fazer um apanhado do cabelo mais elaborado;
- usar uma maquilhagem mais carregada;
- usar óculos graduados com uma armação antiquada;
- aplicar uma boa camada de laca Elnett sobre  os meus cabelos, conferindo-lhes aquele aroma que sempre associei a qualquer avó.

              O que é que estas medidas vos parecem, han? Já que os cinco anos de Medicina Dentária que estudei, as palestras e cursos que frequentei, a confiança da dona da clínica em contratar-me e a pós graduação que me leva ao porto todas as semanas não parecem convencer algumas pessoas da minha competência e já que isso não interessa nada e não é para aqui chamado porque afinal é o meu aspecto que importa, então talvez com esses cinco minutos extra matinais os convençam! ;)

quinta-feira, 2 de julho de 2015

I Know What You Did Last Summer!


Para a maioria das pessoas, está a chegar a altura das merecidas férias e nem sempre é fácil escolher o destino! Talvez já não vá a tempo, mas deixo aqui a minha sugestão com um dos destinos que mais gostei -FORMENTERA.

Constituindo parte das Ilhas Baleares, é uma ilha pequenina com pouco mais de 82km2. O acesso tem que ser feito de barco a partir de Ibiza. É um destino com praias lindíssimas, águas cristalinas, uma atmosfera muito descontraída, com um espírito quase hippie, muitos jovens  na casa dos 20-30 e um domínio claríssimo da cultura italiana, vendo-se vespas por todo o lado e sendo comum sermos abordadas em italiano em restaurantes e bares desta ilha espanhola!

Apesar da ilha ser pequenina é fundamental ter um meio de transporte que permita explorar toda a sua extensão! As vespas são uma opção super prática, com pinta e um romantismo irrefutável. As bicicletas também apresentam uma solução de transporte que combina ainda o desporto e a aventura! No nosso caso, tendo em conta que éramos um grupo de 6 miúdas com malas de 10, optámos por alugar um carro! :)



Quando chegámos à casa que arrendámos, descobrimos um pequeno retiro espiritual!





Percorremos toda a costa, fazendo praia todos os dias num sítio diferente. Há praias "mais turísticas", outras mais sossegadas e não é nada difícil tropeçar numa praia de nudistas. O melhor de tudo? A água! Quente, quente, quente! 




Em Formentera vive-se uma grande cultura do pôr-do-sol, sendo que qualquer praia tinha grupos que se juntavam ao final de tarde junto ao bar para um "sunset" que contava sempre com um copo ao som de muita música em ambientes muito trendy mas relaxados e tranquilos, sem qualquer aparato. Existem sítios a não perder como o Blue Bar, o Lucky e o PirataBus. O farol também é um espaço a não falhar para este efeito.








Quem procurar vida nocturna, existem alguns espaços ainda que agitação de grandes discotecas está sem dúvida em Ibiza. Na primeira noite descobrimos que ia tocar a Dj Nina Kraviz no Tipic e tivemos que ir ouvi-la. Foi muito bom mas o espaço estava lotado! Numa outra noite descobrimos um bar muito boa onda e original onde o chão era coberto de areia, criando o ambiente perfeito para uma noite de verão! Infelizmente não registei o nome, espero que alguém desse lado me possa ajudar!

No que toca a restaurantes, há um obrigatório - Restaurante Can Carlos, classificado como sendo dos melhores da ilha e sem dúvida que tem um atendimento irrepreensível com pratos excepcionais. O ambiente é elegante sem ser pretensioso. Até hoje recordo o sabor daqueles raviolis de pêra e do carpaccio de vitela. Imperdível para qualquer foodie!





A ilha é muito dinâmica e há que estar atento aos eventos que vão acontecendo no centro - o mais conhecido será o Mercado de la Mola (ou Feira Hippie) e a Festa das Flores. Há uma oferta imensa de lojas de roupa, acessórios, decoração com objectos de desejo que vão querer trazer convosco! O hippie-chic e o boho são claramente as tendências marcadas desta ilha, onde a cor dominante de vestuário são os brancos com muitos acessórios floridos.




Espero ter-vos feito sonhar um pouco e aguçado a curiosidade dos que não conheciam esta ilha! De qualquer forma, seja qual for o destino, espero que se divirtam e tragam óptimas memórias! Boas férias!

LMD


quarta-feira, 1 de julho de 2015

A little about me


Tenho 26 anos, sou natural de Guimarães, apaixonada pelo Porto e há dois anos atrás mudei-me para o Algarve. Nunca foi uma mudança planeada, surgiu como um tropeço no destino que se revelou uma óptima surpresa.

Apelidei o blogue de "The Little Miss Doctor" com alguma ironia porque sou uma (ainda jovem) médica dentista. Ambiciono construir uma carreira sólida nesta área que adoro e me desafia diariamente.

Não pretendo que este seja um espaço dedicado à Medicina Dentária, ainda que de alguma forma esta temática irá estar inevitavelmente presente. Na minha área somos, regra geral, muito focados no trabalho. Acredito que isto acontece principalmente por dois motivos - primeiro, porque somos constantemente desafiados no dia a dia através de pacientes que se apresentam como casos de difícil diagnóstico ou que nos colocam dúvidas quanto à melhor abordagem clínica. Em segundo lugar, somos um mercado muito competitivo, o que nos cria uma necessidade constante de diferenciação. Assim, vemo-nos obrigados a investir em formação, de forma a criarmos competências que nos permitam melhorar como clínicos e "no papel!" - afinal muitas vezes a única forma que nos permitem dar a conhecer é através de umas quantas folhas num curriculum vitae. 

No âmbito da formação, este ano estou a terminar uma especialização que me levou a deslocar-me ao Porto todas as semanas de Setembro a Julho (de loucos todos temos um pouco, pensam vocês!) e agora que está a terminar tenho finalmente tempo para este novo projecto. Ao mesmo tempo, se me acompanharem vão perceber que, workaholic ou não, existe quase na mesma proporção que o trabalho uma série de momentos de convívio e lazer que são pilares fundamentais proporcionados pelas pessoas que descobri nesta aventura e que fazem de mim uma "algarvia emprestada" muito feliz!


Encontrei um lugar extraordinário para viver no Algarve mas a sua componente sazonal revela uma grande lacuna social e cultural. Quando disse que era uma apaixonada pelo Porto prende-se com o facto de ser uma cidade onde vivi 5 anos e que verifiquei ter uma enorme dinâmica, com espaços novos para descobrir todos os dias - restaurantes, bares, mercados, concertos! Coleccionava a Time Out que lia avidamente! O mesmo não se passa no algarve em meses "off-season". A quantidade de pessoas da minha faixa etária que "migram" para esta região para trabalhar parece-me já bastante significativa, por outro lado noto que grande parte dos algarvios que vão estudar para os grandes centros já não regressam. Desde que me mudei para cá nunca fui capaz de aceitar essas lacunas já que vejo um enorme potencial a ser explorado e é essa (apenas) uma das coisas que pretendo começar a construir agora com este blogue.

Espero que gostem de me ler e que decidam construir este projecto comigo! Let's do this :)

LMD