segunda-feira, 6 de julho de 2015

"Crescer é ficar triste"

Ouvi esta frase há uns dias e ficou-me gravada na memória.

Tal como já referi, tenho 26 anos. Considero que tenho bastante maturidade, no entanto, parece-me que sou uma pessoa de sorte com uma vida cheia de motivos para me sentir grata, ainda que nunca tenha enfrentado momentos verdadeiramente difíceis que me tenham posto à prova. Tive uma família bem estruturada, unida, com uns pais excepcionais e uma irmã mais velha muito maternal que me conseguiram dar tudo aquilo que precisava! Tenho um bom grupo de amigos, uma vida social activa, tive relacionamentos felizes, sofri por amor e reencontrei-o novamente num processo natural mas sem dramas excessivos. Sempre fui saudável e sempre estive rodeada de pessoas saudáveis, com a excepção quase inevitável das patologias associadas à idade avançada à qual assistimos agora na minha avó materna. Segui os estudos numa área que me era apelativa,  pude ainda especializar-me e encontrei emprego relativamente rápido na área a que me propus.

Penso que este percurso foi conseguido à custa de uma aura de confiança que sempre me foi transmitido pelos meus pais. Lá em casa sempre me fizeram acreditar que eu era capaz de tudo e sempre me fizeram ver o Mundo com um enorme optimismo.

Neste sentido, fui crescendo com a noção enraizada de que todas as pessoas têm boas intenções. Até que cresci mais um pouco, e um ano depois de entrar no mercado de trabalho vi-me obrigada a reflectir sobre essa minha convicção. Pela primeira vez, conheci uma pessoa com intenções tão más, de um egoísmo, ambição desmedida e egocentrismo tal que não foi possível justificar a não ser com maus princípios. O nosso caminho cruzou-se e aí fiquei triste, senti que me tinham roubado a inocência que me acompanhava desde então, senti mesmo revolta. Lutei contra a maré, chorei e lutei mais um pouco. Encontrei do meu lado pessoas com os mesmos valores que os meus e juntos conseguimos que as boas intenções vencessem. Como consequência, no entanto, afastei-me de um projecto que me fazia feliz e que levou consigo muito boas memórias!

Actualmente, envolvida num novo projecto, concluo que as más intenções já não vão deixar de me visitar e que lidar com isso faz parte do crescimento. Não é uma ideia tão romântica como aquela que já tive, mas também não é uma ideia conformada! Crescer é ficar triste mas é também criar estratégias para ficar novamente feliz! Sem um problema não existem soluções e se nos mantivermos optimistas e íntegros, vamos sempre acabar por rodear-nos de pessoas com os mesmos valores e com "boas energias".

De minha parte, quero continuar a crescer sem medos das tristezas que me reservam!

LMD


1 comentário:

  1. Crescer é aceitar que vamos ter momentos tristes, sem deixar que estes se sobreponham aos momentos felizes :) Mas que nunca deixemos de acreditar nas boas intenções, senão a vida não faria grande sentido ;)

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